Países pobres necessitam de ajuda especial para superar a crise dos preços dos alimentos.
Cúpula de Alto Nível sobre Segurança Alimentar 33
[FAO - 06/06/2008]
Cúpula Alimentar: prioridade máxima a investimentos na agricultura.
6 de junho de 2008, Roma e Brasília – A Cúpula sobre o aumento dos preços dos alimentos, convocada pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) foi encerrada ontem à noite com a adoção, por aclamação, de uma declaração de exortação à comunidade internacional para o aumento da ajuda aos países em desenvolvimento. Em particular para os países menos desenvolvidos e para os que sofrem as maiores consequências da alta dos preços.
"É urgente ajudar os países em desenvolvimento e os países em transição a incrementar sua agricultura e a produção de alimentos e a aumentar o investimento público e privado na agricultura, agroempresas e desenvolvimento rural", diz a Declaração.
Doadores e instituições financeiras internacionais são conclamados a dar "apoio às dívidas e apoio financeiro aos países de baixa renda e importadores de alimentos. Outras medidas podem ser consideradas, quando necessárias, para melhorar a situação financeiras dos países que necessitam, incluindo a revisão do pagamento das dívidas", está na Declaração.
No Brasil, repúdio às críticas
O representante da FAO no Brasil, José Tubino, repudiou as críticas de que a Cúpula da FAO em Roma não tenha tido resultados concretos. Ele disse: "conseguimos resultados extremamente importantes e que vão ajudar imensamente os países a combater as consequências da alta de preços dos alimentos." José Tubino diz que está à disposição dos jornalistas para explicar as conclusões da Cúpula, para combater as dúvidas da importância e dos alcances do encontro.
Aumentar os recursos para que as organizações das Nações Unidas prestem mais assistência.
A declaração final também chama os governos a "garantir" às organizações das Nações Unidas "os recursos para ampliar e melhorar seus programas de ajuda alimentar e de redes de proteção para combater a fome e a subnutrição, quando apropriado, mediante a realização de compras locais ou regionais."
Em relação ao risco social crescente devido à alta de preços dos alimentos, na abertura da Cúpula o Diretor Geral da FAO, Dr. Jacques Diouf, disse: "Hoje o importante é compreender que há muito tempo já deixou de ser hora de apenas falar. Chegou o momento de intervir."
O mundo começa a agir
O Vice-diretor Geral da FAO, Alexandre Mueller, afirmou: "É evidente que essa Cúpula decidiu pôr mãos à obra. Pediu ajuda humanitária imediata para os que mais sofrem com a crise dos preços e tomou medidas que a médio prazo obterão grandes resultados por considerar as forças que atuam por trás da fragilidade do sistema alimentar frente às crises para reduzir o número de pessoas que têm fome no mundo, o que contribuirá para o cumprimento dos objetivos da Cúpula Mundial sobre a Alimentação e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio".
A Declaração pede aos "associados para o desenvolvimento" que participem e contribuam "para as iniciativas internacionais e regionais sobre a alta de preços dos alimentos e ajudem os países a pôr em prática as políticas e medidas para ajudar os agricultores, em especial os produtores de pequena escala, a incrementar sua produção e integrar-se com os mercados locais, regionais e internacionais."
A Declaração também recomenda iniciativas que "moderem as flutuações extraordinárias" dos preços dos cereais. "Chamamos as instituições competentes para que ajudem os países a fortalecer sua capacidade de formar reservas de alimentos e a contemplar outras medidas para melhorar a gestão de riscos da segurança alimentar nos países afetados."
Chamado para aumentar a capacidade de resistência dos sistemas alimentares mundiais às mudanças climáticas
Sobre as mudanças climáticas, a Declaração diz que "é essencial enfrentar a questão de como aumentar a capacidade de resistência dos sistemas atuais de produção alimentar diante dos desafios expostos pelas mudanças climáticas. Pedimos aos Governos que dêem a prioridade adequada aos setores agrícola, florestal e pesqueiro, para criar as oportunidades que permitam aos pequenos agricultores e pescadores do mundo, (incluindo as populações indígenas, em áreas particularmente vulneráveis) participar e se beneficiar dos mecanismos financeiros e dos fluxos de investimento no apoio da adaptação e mitigação das mudanças climáticas e do desenvolvimento, transferência e disseminação da tecnologia. Apoiamos o estabelecimento de sistemas agrícolas e práticas de gestão sustentáveis que contribuam de maneira positiva para a mitigação das mudanças climáticas e para o equilíbrio ecológico".
Convite ao diálogo sobre os biocombustíveis e sua relação com a segurança alimentar.
Em relação à questão polêmica dos biocombustíveis, a Declaração expõe: "É essencial enfrentar os desafios e as oportunidades que os biocombustíveis representam, em vista das necessidades mundiais de segurança alimentar, energia e desenvolvimento sustentável. Estamos convencidos da necessidade de contar com estudos profundos para garantir que a produção e o uso de biocombustíveis sejam sustentáveis, de acordo com os três pilares de desenvolvimento sustentável, e levem em conta a necessidade de conseguir e manter a segurança alimentar mundial. Pedimos às organizações intergovernamentais pertinentes, entre elas a FAO, no âmbito de suas respectivas competências e especializações, com a participação dos governos dos países, das alianças, do setor privado e da sociedade civil, que promovam um diálogo internacional congruente, efetivo e orientado aos resultados, sobre os biocombustíveis, no contexto das necessidades da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável".
Sucesso da rodada de Doha sobre o desenvolvimento e melhores oportunidades comerciais.
De acordo com a Declaração, os membros da Organização Mundial do Comércio confirmaram seu compromisso de uma conclusão rápida e eficaz do programa de Doha para o desenvolvimento, e reiteraram sua vontade de obter um resultado geral e ambicioso, propício para incrementar a segurança alimentar nos países em desenvolvimento.
"Estimulamos a comunidade internacional a prosseguir com seus esforços de liberalização do comércio agrícola internacional mediante a redução dos obstáculos e das políticas que distorcem o mercado", diz a Declaração, e acrescenta que essas medidas "darão aos agricultores, em particular dos países em desenvolvimento, novas oportunidades de vender seus produtores nos mercados mundiais e apoiarão seus esforços para aumentar a produtividade e a produção."
Entre os 5.159 participantes, compareceram à Cúpula da FAO sobre os preços dos alimentos 181 países, 43 deles representados por seus Chefes de Estado e de Governo e 100 por seus ministros. Estiveram presentes 60 organizações não-governamentais e organizações da sociedade civil, e cobriram a reunião 1.298 jornalistas.
Contatos:
John Riddle
Oficina de prensa, FAO (Londres)
john.riddle@fao.org
Oficina de prensa
FAO-Newsroom@fao.org
(+39) 06 570 53625
Christopher Matthews
Media Relations, FAO
Tel: (+39) 06.570.53762
Mobile: (+39) 349 5893 612
Outras Informações:
Isabela Dutra, Assessora de Comunicação
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO – BRASIL)
61-3038-2270 - isabela.dutra@fao.org
Fonte: ONU Brasil
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