domingo, 26 de outubro de 2008

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Saiba o que muda na ortografia, a partir de 1º de janeiro

Por Fátima Lacerda (Agência Petroleira de Notícias - www.apn.org.br)
O Brasil será o primeiro país a adotar as regras do novo Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa. A partir de 1º  de janeiro de 2009 caem acentos, hífens, tremas, aumentam as letras do alfabeto. Mas ninguém precisa se apavorar. A grafia atual e a futura continuarão convivendo por um bom tempo. Durante quatro anos, as atuais e as futuras regras serão consideradas corretas. O decreto presidencial aprovando o cronograma de implantação das mudanças foi assinado em 29 de setembro, data do centenário da morte de Machado de Assis.


A reforma ortográfica vem sendo discutida desde 1990 pelos países que integram a CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa): Brasil, Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste.  As mudanças mais significativas estão relacionadas à acentuação de palavras, incluindo a extinção do trema. O acordo incorpora regras que predominavam em Portugal e outras que eram válidas no Brasil, mas a unificação ainda não estará completa.


Alfabeto incorpora três letras
O alfabeto passa a ter 26 letras, com a inclusão do k, w, y.  Na prática, a inserção dessas letras nada muda, já que seu emprego continua restrito à grafia de derivados de nomes próprios estrangeiros (kantismo, darwinismo, byroniano, etc), a abreviaturas e símbolos (K = potássio, kg = kilograma, kW = quilowatt, etc.) e a palavras estrangeiras.


Palavras com dupla grafia
Como predominou o critério fonético, algumas palavras terão dupla grafia. Um exemplo são proparoxítonas pronunciadas de forma diferente no Brasil e em Portugal. Assim, temos: cômodo e cómodo; fenômeno e fenômeno; tônico e tónico.


Acaba o trema
O acordo incorpora as características da ortografia utilizada em Portugal, acabando com o trema. Assim, lingüiça, tranqüilo, eqüidade, a partir de 2009 serão escritos da seguinte forma: linguiça, tranquilo, equidade. A exceção são nomes estrangeiros e seus derivados, como Müller.


Acentuação do u tônico nos encontros gue, gui, que, qui
Não se acentuará mais a vogal 'u' tônica dos encontros gue, gui, que, qui. No Brasil, tais vogais recebiam acento agudo para marcar sua tonicidade. A justificativa dada pelo Novo Acordo é que a vogal 'u' das formas verbais como apazigúem, argúem é sempre articulada, por isso não precisa de acento. A nova grafia será apaziguem, arguem.


Cai acento dos ditongos abertos nas palavras paroxítonas
No Brasil, os ditongos abertos éu, éi, ói recebiam acento agudo quando eram tônicos. Pelo Novo Acordo, esses ditongos só serão acentuados nas palavras oxítonas. Nas palavras paroxítonas, o acento cai, predominando a grafia que já vigorava em Portugal.


Assim, muda a grafia de assembléia para assembléia; boléia para boleia; idéia para idéia; jibóia para jiboia; heróico para heroico. O mesmo ocorre com o 'i' e o 'u' precedidos de ditongos abertos, como em 'feiúra' que passará a ser escrita sem acento: feiura.


Mas permanece o acento nas palavras oxítonas, tais como:  anéis, anzóis, carretéis, céu(s), chapéu(s), herói(s), pastéis.


Cai circunflexo em paraxítonas com duplos 'e' ou 'o'
Em lugar de vôo será vôo; de lêem, será lêem; crêem  será crêem; dêem será dêem.   


Acento diferencial
O Novo Acordo simplificou ainda mais a Lei 5.765, de 18 de dezembro de 1971, que havia abolido a maioria dos acentos diferenciais. Serão obrigatórios apenas dois:
      • pôde (pretérito perfeito) para distinguir de pode (presente do indicativo);
      • pôr (verbo) para distinguir de por (preposição).
Será facultativo o acento diferencial em:
      • dêmos (1ª pessoa do plural do presente do subjuntivo) para distinguir de demos (1ª pessoa do plural do pretérito perfeito);
      • fôrma (substantivo) para distinguir de forma (substantivo e verbo).


Hífen: algumas mudanças e regras que continuam complexas
A nova proposta não reduz o número de regras e continua mantendo várias exceções.  As modificações foram formuladas com base no sistema adotado em Portugal. É possível afirmar que o emprego do hífen nada mudou nas locuções, na ênclise e na mesóclise nem com relação aos sufixos de origem tupi-guarani. Quanto ao emprego do hífen com prefixos, deixa de existir nos seguintes casos: quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r, s ou vogal diferente.


Assim, anti-religioso muda para antirreligioso; anti-semita para antissemita; contra-regra para contrarregra; auto-aprendizagem para autoaprendizagem, aero-espacial para aeroespacial.


A exceção é quando o primeiro elemento terminar em 'r' e o segundo elemento começar com a mesma letra. Nesse caso, a palavra deverá ser grafada com hífen, como em 'hiper-requintado' e 'inter-racial'.
Mas, se a vogal do primeiro elemento for idêntica à da primeira, o hífem permanece. Continuam com a grafia anterior palavras como micro-ondas e anti-inflamatório.


Maiúsculas e minúsculas
Nomes de vias e lugares públicos, bem como os nomes que designam domínios do saber - artes, ciências ou disciplinas - de acordo com as regras que vigoravam no Brasil desde 1943 deveriam ser grafados com inicial maiúscula. A partir de janeiro de 2009 poderão ser  escritas facultativamente com inicial maiúscula ou minúscula. Exemplos:
      Rua da Alfândega ou rua da Alfândela
      Praça da República ou praça da República
      Praia do Flamengo ou praia do Flamengo
      Português ou português
      Matemática ou matemática


Mudanças em Portugal
Os portugueses não tiveram mudanças na forma como acentuam as palavras, mas na forma como escrevem algumas delas. As chamadas consoantes mudas, que não são pronunciadas na fala, serão abolidas da escrita. Exemplo: objecto será objeto; adopção será adoção; facto será grafado fato, e assim  por diante.


Português é a sexta língua mais falada do mundo
Mais de 230 milhões de pessoas falam Português, o que coloca o idioma entre os seis mais falados no mundo. Com uma população estimada em 185 milhões, o Brasil é o principal responsável por esta colocação de destaque. O Português só perde para o Mandarim, falado pela maior parte dos chineses,  para o Espanhol, segundo colocado, seguido de perto pelo Inglês, depois pelo Árabe e pelo Híndi, um dos três idiomas predominantes na Índia.
Estruturado a partir do século XII, desde o século XV, com as grandes navegações, o idioma português ultrapassou os limites da Península Ibérica. Além dos países lusófonos, onde o português é a primeira língua de seus povos, o idioma também é falado nas comunidades de Zanzibar (na Tanzânia, costa oriental da África); Macau (possessão portuguesa encravada na China); Goa, Diu, Damão (na Índia); Málaca (na Malásia); Timor (na Indonésia).


O primeiro acordo ortográfico entre Brasil e Portugal data de 1931. Em 1945 houve, em Lisboa, um outro acordo, que também não efetivou a unificação, pois foi adotado apenas em Portugal. O sistema ortográfico adotado atualmente no Brasil é o aprovado pela Academia Brasileira de Letras, na sessão de 12 de agosto de 1943, e simplificado pela Lei nº. 5.765, de 18 de dezembro de 1971.


Fonte: www.apn.org.br

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